O laudo de leitura labial solicitado pela Polícia Civil do Rio Grande do Sul no inquérito que apura possível fala racista de Rafael Ramos, do Corinthians, para Edenilson, do Internacional, concluiu que não é possível identificar o que o jogador do clube paulista proferiu ao adversário. A informação foi divulgada nesta quarta-feira (8), em nota do  Instituto-Geral de Perícias (IGP).

“Por essas razões, é impróprio que a perícia criminal oficial do Estado afirme, com responsabilidade do ponto de vista processual e científico, o que foi proferido pelo jogador na cena questionada”, diz trecho do texto (veja a íntegra abaixo).

Edenilson relatando ao árbitro o que ouviu de Rafael Ramos – Silvio Avila/Getty Images

O IGP encaminhou o documento de 40 páginas para a 2ª Delegacia de Polícia de Porto Alegre, responsável pelo caso. A delegada Ana Luiza Caruso disse que irá enviar o laudo para o Ministério Público (MP). Sem a comprovação da fala racista de Rafael Ramos, a delegada afirmou que não solicitará pedido de indiciamento contra o atleta corintiano. A decisão de prosseguimento do caso na esfera judicial será tomada pelo próprio MP.

“Vamos juntar a perícia contratada pelo Edenilson e pelo Rafael Ramos, e aí tem a questão da palavra da vítima, ver o que tem de prova, que não seja suposição. Em princípio não vai ter indiciamento” disse Ana Luiza Caruso, em entrevista ao “Globo Esporte”.

Edenilson protesta

Após receber a informação sobre o laudo da perícia, Edenilson protestou contra o resultado. Em sua conta no Instagram, o volante arquivou as fotos. Além disso, ele também alterou o nome do seu perfil para “Macaco Edenilson Andrade dos Santos”.

Perfil de Edenilson no Instagram – Reprodução

No story do Instagram, Edenilson postou uma foto com o gesto do punho cerrado erguido no ar, com o sinal “x” em sua boca, em tom de repudia. Na foto, ele escreveu: “Não iriam nos calar???? Já nos calaram. Se ofendidos aceitem, engulam a seco. Finjam que não escutaram, é uma luta desleal, é uma luta INCONCLUSIVA!!!!!”.

Foto de perfil de Edenilson após o resultado da perícia – Reprodução

Relembre o caso

Durante o empate em 2 a 2 entre Inter e Corinthians, no dia 14 de maio, Edenilson acusou Rafael Ramos de chamá-lo de “macaco”. A partida ficou parada por cerca de quatro minutos na reta final do segundo tempo. O jogador do Timão chegou a ser detido após a partida, mas foi solto após pagar a fiança.

Na última semana, Rafael Ramos e Edenilson prestaram depoimentos ao TJD de São Paulo. O jogador do Corinthians manteve a narrativa de que não emitiu a fala racista. Por sua vez, o atleta do Internacional manteve a sua acusação.

Veja a íntegra da nota divulgada pelo IGP

O Instituto-Geral de Perícias remeteu hoje à 2ª Delegacia de Polícia de Porto Alegre o Laudo Pericial sobre o pedido de perícia de leitura labial acerca dos fatos ocorridos em jogo no Estádio Beira Rio em 14 de maio.

Quatro vídeos foram enviados para análise. Um deles foi selecionado, por apresentar maior extensão da cena questionada e melhor qualidade de sinal. As imagens foram tratadas com softwares de melhoramento e apresentaram qualidade suficiente para análise. Da cena questionada, foram extraídos 41 frames.

Não sendo possível identificar os movimentos realizados na porção interna da cavidade oral do jogador de camiseta branca, é tecnicamente inviável localizar todos os vestígios que definem a sequência de consoantes e vogais emitidas. A maior parte dos gestos que compõem a fala ocorrem justamente no ambiente intraoral ou em outras porções internas, como a faringe e a laringe. Nem em vídeos com excelente qualidade de imagem é possível obter as informações do que se passa na parte não visível do aparelho fonador.

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