Quando saiu a lista dos 11 gols mais bonitos da temporada, considerei que os três finalistas deveriam ser Arrascaeta, Son e Suárez. Qual não foi minha surpresa quando a Fifa divulgou nesta sexta-feira o Top3 para o prêmio Puskas e os meus três favoritos estavam nela! Digo isso porque não sou bom em palpite. Nunca ganhei na loteria. Além disso, nas famosas listas de favoritos ao título que jornais e sites me pedem, eu queimo a língua (neste ano coloquei Flamengo, Palmeiras, Internacional e Grêmio, nesta ordem).
Animado em acertar 100% naquela lista de 11, fico bastante animado em apostar nove de dez fichas no gol de Arrascaeta.
Temos dois estilos de gol nesse top3. A inteligência e a beleza artística para definir a jogada num toque, que é o caso dos uruguaios De Arrascaeta e Suárez; e a beleza plástica de um gol no qual o jogador parte da sua defesa, dribla todo mundo e manda para as redes.
Son foi espetacular. Não foi um gol à Maradona na Copa de 1986. Ele não driblou todo o time do Burnley. Teve uma destreza incrível para, em desabalada carreira, partir de sua intermediária até a área adversária para fazer o gol. O que ele fez foi ganhar na corrida de sete jogadores. Driblar mesmo, como o Pibe no México, foram dois rivais. Mérito para o domínio de bola e fôlego de Usain Bolt.
Ai temos as obras fabulosas de Arrascaeta e Suárez. O atual jogador do Atlético de Madrid fez o seu gol quando defendia o Barcelona. Um toque meio de calcanhar, meio de letra, um dos mais belos deste estilo que já vi.
E chegamos ao Arrascaeta, um voleio ou meia bicicleta quase da entrada da área após um cruzamento de Rafinha. Cruzamento perfeito, plástica perfeita, a bola entrando no único espaço possível: se fosse mais baixo, o goleiro (que deu um senhor voo) pegaria; se fosse mais alto, bateria na trave.
Vamos fazer um exercício. Qual a imagem você colocaria em um quadro? A foto que ilustra essa matéria ou um toque de calcanhar?
Bem, Suárez é um gol 9,9. Arrasca conseguiu um dez. Foi espetacular, numa solução inesperada que caiu o queixo de quem estava vendo ao vivo ou acompanhou depois nos gols da rodada.
Disse que coloco nove fichas no Arrasca. A outra fica para o Son. Muita coisa indica um triunfo para o Flamengo. Coroaria com um prêmio da Fifa a fantástica temporada de 2019. Metade do peso vem no voto popular e o Flamengo tem a maior torcida de um país que tem o futebol como carro-chefe (algum time chinês ou indiano deve ter mais do que 35/40 milhões de simpatizantes). E vamos lá, né. É o mais bonito mesmo.
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