Por: Betinho Marques
Bota casaca, tira casaca
Gosta do Felipão
Odeia o Scolari
Ganha do verde Palmeiras, empaca com o Coelho verde
Numa síntese da loucura, cada dia uma montanha-russa. Assim é o time de Luiz Felipe Scolari. O time líder em pontos até aqui no returno é o mesmo que perdeu 20 dos 36 que disputou contra os últimos seis classificados do BR23.
No contrassenso da melhor defesa da competição, com apenas 27 gols sofridos, o batido não tem refresco para Jemerson, um dos seus zagueiros mais utilizados. Convicção?
Na loucura atleticana, uma dupla poderosa, a melhor do país – 56 dos 83 tentos da temporada -, faz conexões de gerações diferentes e tem Hulk e Paulinho desbravando as defesas, doa a quem doer.

O Galo de Felipão

Mesmo sem um meio-campo rápido na transição jogando por dentro, mesmo sem tanta profundidade, mesmo sem o tão desejado centroavante funcionando como gosta Felipão, o Galo tem Everson, o Alvinegro tem Guilherme Arana, sô.
O Atlético é um retrato do filme Karatê Kid com Larusso e Sr. Miyagi. O comandante tem a receita, mas muitas vezes Larusso não entende os motivos de limpar o assoalho e lutar a arte marcial na prática. Falta o encantamento, o fundo musical que emociona os finais de filme.
Porém, o Miyagi em questão tinha o objetivo de recolocar o Galo na Libertadores, e está conseguindo alcançar a meta. Certamente, não encanta na forma e é perceptível isso no olhar de soslaio do atleticano. Larusso já entende a dinâmica de jogo, mas falta um detalhe:
Miyagi precisa explicar como recuperou Daniel para a torcida com aquele método no qual aquece algo nas mãos, esfrega e ele volta ao combate curado nas finais do torneio. Quem assistiu ao filme vai lembrar.
No Galo, o tripé ultrapassa a relação Larusso e o sábio treinador. É preciso fazer o fogo pegar na torcida e ela comprar esta conexão, ela é parte da luta.
O destino no Brasil ao resultado pertence, mas a conexão com a Massa pode dar vida longa ao fogo do Miyagi que é tão necessário no tripé indissociável (TTT): time, treinador e torcida.
O Miyagi atleticano tem o entendimento do time nas mãos, falta só um pouco de alegria na hora de transmitir a mensagem. Inteligível que, às vezes, seja difícil explicar sobre os motivos de limpar o assoalho à Massa, mas não custa tanto tentar.

Ajuste de bicos

O Galo é o time do “bom dia pra quem” e que jura te amar sem você esperar, mas um toque de carinho nesse povo carente muda todo ar. Na “turra” não há conquista. O Galo é fornalha, para um fogo brotar, basta uma faísca. Se Felipão é Bicudo, o Galo também é, basta ajustar o rumo dos bicos, conectar.

Galo, som, sol e sal é fundamental

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