De maneira oficial, Jorge Sampaoli foi apresentado oficialmente pelo Flamengo nesta segunda-feira (17). O argentino de 62 anos falou com a imprensa pela primeira vez, em entrevista coletiva no CT Ninho do Urubu. Ao lado dos dirigentes do clube, como o presidente Rodolfo Landim e do vice de futebol Marcos Braz, ele posou com a camisa 12 rubro-negra, exclusiva da torcida. Foi a realização de um ‘sonho antigo’ do clube, que já ventilava o nome do treinador em muitas ocasiões anteriores.

Sampaoli ficou conhecido para a torcida do Flamengo quando o eliminou da Libertadores de 2010, pela Universidad do Chile. Cotado diversas vezes para assumir a equipe, ele passou pelo Santos e pelo Atlético Mineiro, no futebol brasileiro. Agora, retorna à América do Sul depois de uma segunda passagem pelo Sevilla, da Espanha. Ele garante que, desde que acertou sua saída do time andaluz, via o Fla como prioridade.

Sampaoli chega ao Flamengo prometendo força máxima nas competições – Lucas Bayer/Jogada10

“Estou agradecido demais pela oportunidade de vir a este clube tão grande. Foram muitas as oportunidades de vir, anteriormente. Para mim, hoje, o Flamengo era o Plano A. Mais que qualquer proposta na Europa ou qualquer lugar. E deu certo. Aqui, a obrigação é muito maior para mim. O Flamengo tem a maior torcida do mundo e espero fazer um trabalho importante”, disse, destacando que entende a necessidade do Flamengo em se reabilitar na temporada e que não priorizará Brasileirão ou Libertadores no sentido de escalar jogadores:

“O time não está bem e por isso eu estou aqui. Eu não penso em priorizar nada. A cada dia, a cada jogo, vamos botar o melhor que tivermos à disposição.”

Gabigol e Pedro juntos? Uma possibilidade

Desde que Sampaoli foi anunciado, na sexta-feira (14), muitos torcedores do Flamengo se perguntaram sobre a chance de Gabriel Barbosa, o Gabigol, e Pedro, atuarem juntos. De fato, com Dorival Junior e Vitor Pereira, os dois tiveram oportunidades. Mas Gabigol chegou a ficar no banco em alguns dos últimos jogos do português, inclusive ficando dez jogos sem marcar.

Para o futuro, Sampaoli não descartou nenhuma possibilidade. De acordo com ele, porém, saber quem entrará em campo de forma mais comum vai depender da condição física e de resistência, devido à maratona de jogos. Em todo caso, o argentino não fecha as portas para manter os dois atacantes como titulares.

“O diagnóstico, como não temos muito tempo, tem que ser rápido e certeiro. Precisamos identificar quem pode jogar quarta-feira e domingo e quem não pode. O Pedro e o Gabigol foram muito bem juntos, com o Dorival. Então, é definir que algumas vezes pode acontecer e em outras, não.”, afirmou o técnico, citando também a confiança no volante Gerson, com quem trabalhou no Olympique de Marselha, da França, há dois anos:

“Cada jogador é um ser humano e ele custou a se adaptar no Olympique, mas terminou sendo fundamental. Jogou muito bem. Depois, com outro treinador, sofreu. Mas quem é que vai discutir a capacidade dele?”.

Confira abaixo outros pontos da coletiva de Sampaoli:

Desenho tático

“O sistema tático está subordinado a uma cultura futebolística. Eu estou em um país e em um clube em que, obrigatoriamente, preciso jogar futebol. É o tempo todo com a bola. Então, se não posso respeitar isso, com certeza vou fracassar”.

Arturo Vidal

“Nós temos uma ótima relação. Sou muito agradecido a ele por tudo que gerou ao seu país e a mim. Por causa dessa coincidência de encontrá-lo depois de comandá-lo naquela seleção do Chile, que ganhou a Copa América (em 2015)”.

Brasileirão e Libertadores

“A partir de cada competição, temos que colocar o melhor que temos à disposição. Para mim, o mais importante é isto (segura a camisa): o escudo e a camiseta. Seja na ocasião em que se representa, um amistoso ou uma final. E o Flamengo terá o melhor que eu penso que o melhor”.

Reencontro com Gerson

“Ele teve dificuldades de adaptação, quando chegou a Marselha. Mas foi fundamental naquele vice-campeonato, fundamental. E jogando muito bem em qualquer podição. Posteriormente, chegou outro treinador (Igor Tudor) que não acreditava muito nele, sei que o Gerson sofreu muito durante essa etapa. Então, ele volta ao Brasil e precisa se readaptar todo de novo. Tecnicamente, não dá para questionar a capacidade dele, é impossível. Mas é claro que, emocionalmente, ele precisa voltar à sua melhor versão, porque é como temos mais chances de ganhar”.

Possibilidade de usá-lo como atacante?

“Contra o Coritiba, o Flamengo ganhou com uma aparição de Gerson no lance do pênalti. Para mim, ele aparece de forma surpreendente no ataque de um jeito eficaz, é difícil de marcar. Por isso, jogou assim no Olympique e nos deu muitas alegrias. Sinceramente, é cedo dizer como vamos jogar porque chegamos há pouco tempo, mas já temos uma ideia e o conhecimento de cada jogador. Vamos conversar com todos para saber como estão emocionalmente e fisicamente, para o jogo de quinta-feira”.

Relação com a torcida

“A torcida do Flamengo aproveita muito cada vitória do time. Então, você tem uma obrigação com a felicidade de toda essa gente. E eu vou usar toda a minha experiência e capacidade para que isso aconteça a cada partida. Hoje, precisamos recompor muito este time para que ele consiga voltar a ser competitivo e dar alegrias à torcida”.

Jogo posicional

“Realmente, nos últimos tempos, eu tenho utilizado um jogo posicional, com uma estrutura bem definida. O que vai ser é que vamos tentar educar um plantel a jogar dessa forma. Essa progressão vai depender da minha capacidade de convencimento, mas do jeito mais rápido possível. Sempre digo que não adianta ser autoritário porque o mais importante no futebol são os jogadores. Para mim, é assim. Jogadores podem ganhar ou perder jogos, mas é preciso dar a eles uma estratégia para que eles desfrutem do jogo”.

Primeira conversa com jogadores

“Jogar com diferentes características é uma questão de espaço e de tempo. O futebol é uma globalidade em que mesmo um esquema ofensivo demanda uma certa capacidade de proteção. Então, mais além que jogar com três zagueiros, uma linha de quatro no meio, ou uma de três, o que vai definir isso é a partida. Normalmente, o sistema-mãe para atacar é o 3-2-5 e é ele que vamos utilizar muitas vezes, às vezes o 3-1-6. Mas colocando numa estrutura, um dos times mais importantes do mundo, o Manchester City, joga com quatro zagueiros. Só que ataca com seis. Então, a característica de cada jogador não vai tirar a obrigatoriedade ofensiva que temos”.

Relação anterior com os jogadores

“Antes de acertar com o Flamengo, não tinha falado disso com ninguém. Acho que ter trabalhado junto com eles me faz ter um conhecimento do meu sentir futebolístico. Mas falei com o David Luiz, quando tentei levá-lo para Marselha. Conversei com o Filipe Luís, com Gustavo (Henrique, zagueiro), muitos jogadores que conheci aqui. Com essa capacidade, podemos nos aproximar bem da ideia”.

Gabigol

“Pude enfrentá-lo quando estive no Santos e no Atlético. Sofremos muito com essa capacidade de fazer gols que reconhecemos nele. Eu o recomendei ao Sevilla, mas não foi possível levá-lo. Estando bem, ele soma muitos pontos e a eficácia dele ajuda muito. Tentaremos ajudá-lo também para que ele possa jogar bem”

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