A seleção brasileira já foi uma das maiores paixões do país. Quando crianças, parávamos tudo para ouvir no radinho de pilha o jogo do time canarinho, fossem oficiais ou amistosos. Era um desfile de muitos craques, todos atuando aqui e representando no escrete o melhor de cada clube, o que alimentava a rivalidade e a paixão.

O tempo foi correndo, o dinheiro passou a falar muito mais alto e nossos talentos começaram a ir embora. Aos poucos, a conta-gotas. Acreditem, no começo eram até desprezados pela Seleção. Quem atuava no exterior abria mão de vestir a Amarelinha!

A bola e o mundo foram dando voltas e os craques passaram a ir cada vez mais cedo. Agora, quando esperam, é só até os 18 anos. E zarpam! Não podemos mais nos dar ao luxo de menosprezar ninguém. Ao contrário, muitas vezes os supervalorizamos. Se estão na Europa, têm total prioridade.

Fomos perdendo o vínculo com a Seleção. Além de o time canarinho jogar praticamente mês sim, mês também, e com adversários dos mais inexpressivos, o torcedor não tem intimidade com os convocados. Tanto faz. Os craques escassearam, os jogos ficaram ruins, muito ruins, e a Seleção Brasileira virou somente um balcão de negócios de cartolas inescrupulosos e indecentes. Até a camisa, confiscada por grupos políticos, passou a ser motivo de rejeição e divisão.

Agora, temos mais uma Copa América, estorvo para as ex-sedes Colômbia e Argentina, e que caiu no colo do Brasil em plena pandemia, no melhor retrato da irresponsabilidade e do descaso com a população. Bola dominada na canela pelas nossas autoridades e que desce quicando no esburacado campo do bom-senso. Um show de horrores. E lembrar como era proveitoso e prazeroso o dinheiro gasto naquele radinho de pilha lá de décadas passadas…

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