Responsável por liderar a reunião que aprovou a inclusão da Lei da SAF no Estatuto Social do Vasco, Carlos Fonseca, presidente do Conselho Deliberativo, explicou o que as mudanças significam para o clube. Para ele, o ponto principal é amenizar os argumentos de quem é contrário à venda do futebol e rebateu quem critica a velocidade do processo.

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“As mudanças são importantes porque a gente tenta dissipar aquelas nuvens de fumaça que ficam em todos os processos de votação do clube. Estamos com um velocidade boa, não estamos correndo, não estamos com pressa, estamos com urgência e semana que vem a gente conclui com a votação das emendas. É cansativo, mas é gratificante”.

Carlos Fonseca, ao centro, é o presidente do Conselho Deliberativo do Vasco – Joel Silva/Jogada10

Outra crítica bastante debatida na reunião foi a falta de transparência em relação ao acordo que está sendo feito entre Vasco e 777 Partners. Membros que são contra à venda do futebol, afirmaram que é necessário ter acesso ao memorando de entendimento que já está assinado e também ao contrato da proposta vinculante, quando estiver pronto. Carlos Fonseca afirmou que já solicitou a possibilidade de que as cláusulas sejam reveladas ao Conselho Deliberativo.

“Eu fiz essa solicitação ao vice-jurídico do clube (José Cândido Bulhões) para eles levarem ao pessoal da 777 Partners. Eu acho que seria interessante que isso acontecesse porque dá a dimensão para as pessoas do quanto é sigiloso ou não. Se usa muito o sigilo de maneira negativa. 90% dos termos serão de domínio público, eventualmente um detalhe ou outro é mantido em sigilo e as pessoas querem pegar esses detalhes e querem configurar como operação nebulosa”.

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A resposta quanto ao pedido de Carlos Fonseca só deve chegar quando a proposta vinculante for apresentada. Até lá, o presidente do Conselho Deliberativo tenta debater o que pode ser debatido e rebateu as reclamações por parte dos opositores.

“Podem ver que as mesmas pessoas que batem na questão do sigilo, são as mesmas que batem que o estatuto não tem o que está previsto em lei, que é o que a gente está fazendo aqui. Como a margem de reclamação vai se reduzindo, vão reclamar naquilo que está sobrando e esse (sigilo) é um dos pontos. A proposta vinculante ainda não existe, perguntam sobre algo que eu não tenho. A partir do momento que a proposta for apresentada, as coisas forem discutidas, eu acho que vão se dissipar muitas dessas nuvens e vai vir à tona tudo que o vascaíno quer debater”.

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Para tratar sobre a negociação com a 777 Partners, uma comissão foi criada com 14 membros que integram diversos grupos políticos do Conselho Deliberativo. Eles possuem acesso quase completo a todas as minutas do contrato que estão sendo feitas. Carlos Fonseca fez questão de ressaltar que não fez parte da criação desse grupo e revelou que mais de 10% dos conselheiros estão a par da situação.

“A comissão do Roberto Duque Estrada não tem nada a ver comigo. Ela foi uma iniciativa da diretoria administrativa para criar um grupo de trabalho, com todos os espectros que compõem o Conselho Deliberativo, para discutir SAF. São 14 nomes que eu não tive a menor ingerência. Como eles roeram o osso na questão SAF, eles têm que estar no filé mignon. Ao todo, cerca de 40 pessoas tem acesso ao conteúdo integral do que está acontecendo, mais de 10% do Conselho Deliberativo do clube. Eles que possuem algo para contestar. Não é o que está acontecendo no Cruzeiro, o nosso se assemelha ao do Botafogo. Vou usar o que eu achei bom, e tem muita coisa boa, e estou tentando elaborar coisas melhores para que a gente tenha um processo melhor”.

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O acordo com a 777 Partners envolve um aporte de R$ 700 milhões, em três anos, além do pagamento da dívidas do clube, que gira em torno de R$ 700 milhões. O grupo norte-americano ficaria com 70% da SAF do Vasco. Para muitos, é a única saída para o Gigante voltar a ser o que era. No entanto, o um pequeno grupo que conta com a participação de beneméritos e grandes beneméritos são contra essa possibilidade. Para Carlos Fonseca, a preocupação é válida, porém outros aspectos menos nobres também explicam os votos contrários na última reunião.

“O primeiro é a preocupação com o seu time. Os conselheiros são vascaínos e fazer parte da política do clube nasceu em estar na arquibancada. Então esse é um ponto, a preocupação legítima do que se está fazendo hoje, é difícil de reverter. Aí você vai na característica da pessoa, mais conservador, mais agressivo, mais avesso ao risco. É uma questão pessoal. Tem também uma outra situação. Quando se faz parte da política do clube, você está ali com jogador, tem um glamour nesse negócio, é inegável. Mas quando se passa o futebol para a SAF, tira o glamour da questão política do clube, não vai ter o que se tem hoje, o político que se confunde com o administrativo, com o futebol. O futebol fica profissional”, explicou Carlos Fonseca, que continuou.

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“Fora outras questões, as finanças do clube vão diminuir drasticamente. Se as pessoas têm interesse em fazer gestão, quando está ruim, com 180, R$ 200 milhões, esse interesse diminui. A receita cai drasticamente, ficando na casa de 8, R$ 10 milhões por ano. É difícil taxar “esse é isso, esse é aquilo”, mas são os motivos pelos quais eu vejo. Eu tenho preocupação, lógico que eu tenho, se acontecer, é difícil de reverter. Eu penso, eu pondero, cobro transparência, não apenas para os membros do conselho, para a torcida, mas para mim, porque o Vasco é muito caro para mim. Caro no aspecto de estar emocionalmente envolvido. Meu filho está em casa com febre eu estou no Vasco. Tem o preço emocional em mim que é muito pesado. A gente vai ter consciência é o fato do sócio escolher é o que me deixa muito tranquilo, pois se errarmos, vamos errar todos juntos e se acertarmos, será comemoração em diante”.

O próximo passo em relação à constituição da SAF é a Assembleia Geral Extraordinária, na qual os sócios estatutários vão aprovar ou não as alterações no Estatuto Social. Caso seja aprovada, o Conselho Deliberativo voltará a se reunir, já com a proposta vinculante da 777 Partners em discussão. Posteriormente, uma nova AGE será convocada, dessa vez para finalizar ou não o repasse da SAF para o grupo norte-americano.

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