A Arábia Saudita é uma turista acidental. Ou não? Jogou um futebol honesto, sem pancadaria, sem retranca absurda, com gols interessantes, e derrotou a Argentina, de virada. Resultado, acredite, justo diante das circunstâncias. Vale lembrar que vários campeões do mundo não venceram na estreia. A Espanha, em 2010, perdeu da Suíça.

Os jovens desconhecem, mas houve uma época, faz meio século, que os treinadores adotavam eventualmente a “tática do impedimento”, ou seja, manter a zaga avançada o suficiente para largar os atacantes além do último homem. Em 1990, dada a média baixa de gols na Copa realizada na Itália, a Fifa passou a aceitar posição legal quando os adversários estão na mesma linha. Não havia a maldição do VAR. Logo, vez por outra surgiam goleadas espetaculares. Fosse naqueles tempos, e a Argentina teria decidido no primeiro tempo, quando fez 1 a 0, com Messi cobrando pênalti, teve um punhado de gols anulados, mas saiu em vantagem.

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Lionel Messi não esconde a decepção e a raiva. Argentina perde  para a Arábia- Kirill Kudryavtsev /AFP via Getty Images

E como o futebol mudou, mas tudo continua sendo possível, tomou dois gols no começo da etapa derradeira, O jogo mudou. E começou o drama. Os árabes recuaram, mostrando uma disposição incomum, e jogando um futebol correto, complicaram de fato a vida dos argentinos, que tiveram o tempo final praticamente inteiro para ganhar, mas não encontraram soluções para fazê-lo.

É uma grande zebra. E o vento pode virar. Para os dois lados. Mas que foi justo não há dúvida. A Arábia Saudita jogou um futebol de Argentina, e a Argentina, digamos, de Arábia Saudita.

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