Para muitos é o pesadelo. Para outros, a possibilidade de eternizar sua conquista. Afinal, ganhar uma final de Libertadores do Boca Juniors decididamente não é um feito qualquer. Tanto que em seis finais dos brasileiros contra o Boca, apenas dois clubes conseguiram a taça: o Santos de Pelé e o Corinthians de Emerson Sheik. Cruzeiro (1977), Palmeiras (2000), Santos (2003), Grêmio (2007) viram a festa argentina. Agora é a vez do Fluminense de Fernando Diniz.
A classificação do Fluminense para a final da Libertadores teve ares épicos e apresentou problemas que precisam ser solucionados nestes 28 dias até a decisão. O principal deles: a bola aérea. O Tricolor, mais uma vez, levou um gol em bola levantada na sua área. E passou aperto todas as vezes que o Inter cruzou bolas perto do gol de Fábio. Eliminar o cruzamento antes que ele saia do lateral ou do ponta adversário – como foi muito bem executado contra o Olímpia, no jogo no Paraguai – é o caminho.
Além disso, o primeiro tempo do Fluminense foi muito abaixo do que se espera e do que vem sendo apresentado pelo time no ano. Arisco dizer que os 45 minutos iniciais do jogo contra o Inter no Beira-Rio duelam com as partidas contra Coritiba e São Paulo pelo Brasileirão, como as piores atuações do time no ano. Foram 45 minutos assustadores.
Alexsander completamente fora de jogo, perdido. Sem ajudar na cobertura de Marcelo, sem ajudar Ganso na armação e sem ajudar André na marcação. Diniz teve o mérito de enxergar e tirar o camisa 5 no intervalo. Assim como Felipe Melo, que parecia nervoso, cometendo erros que não fazem parte de seu repertório.
Se o primeiro tempo foi de assustar, o segundo tempo foi bem melhor com as entradas de Martinelli e John Kennedy. Mas, o time também deixou espaços e contou com a incompetência de Ener Valencia de marcar gols e decidir o duelo a favor do Inter. O equatoriano perdeu três boas oportunidades que selariam a sorte tricolor.
Para vencer o Boca, Diniz também terá de avaliar se mantém em campo Felipe Melo, Marcelo e Ganso juntos. Os três jogadores são os pilares técnicos do time. Felipe Melo com a capacidade de passes longos e viradas de bola. Ganso com sua genialidade para achar espaços onde poucos enxergam. E Marcelo, que dispensa comentários. O problema é que os três já não possuem o vigor físico de outrora. Felipe Melo tem tido dificuldades com atacantes velozes. Marcelo tem atuado livre, deixando muito espaço nas suas costas na lateral esquerda. E Ganso, quando não tem um parceiro no meio para jogar, tem tido dificuldade de alimentar o ataque.
Diniz tem tempo para achar as soluções e as respostas para bater um Boca que, se não preza pelo talento, mantém a tradição aguerrida do futebol argentino e tem um goleiro inspirado. Enfim, será um duelo de invictos na fase eliminatória da Libertadores, mesmo o Boca também não tendo vencido um jogo sequer. Time por time, o Fluminense é melhor. Jogando no Maracanã, acredito em ligeiro favoritismo para o Tricolor. Mas a camisa do Boca é pesada e qualquer descuido pode ser fatal. A única certeza para a torcida tricolor é que conquistar a Libertadores agora não é só um título é um passaporte para a eternidade.
Por: Jefferson Rodrigues
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