Nesta quinta-feira (24), o Brasil vai ser uma das últimas seleções a estrear na Copa do Mundo do Qatar. E, neste primeiro duelo, a Seleção vai ter a oportunidade de reeditar seu primeiro jogo na história dos Mundiais. Isso porque os brasileiros encaram a Sérvia, descendente direta da Iugoslávia, adversário que o Brasil enfrentou em 1930, no Uruguai.

A sorte do Brasil não foi das melhores naquela partida de estreia, já que os europeus venceram por 2 a 1. Foi a partir dali, porém, que a Seleção começou a escrever a história mais vitoriosa do futebol mundial, com cinco títulos da Copa do Mundo. Posteriormente, a Iugoslávia se colocaria no caminho do Brasil mais duas vezes, com uma vitória canarinho (1950) e um empate (1974).

Preguinho, do Fluminense, fez primeiro gol brasileiro em Mundiais – Reprodução/Twitter

Embora a Iugoslávia já não exista mais atualmente, é justamente a Sérvia o país herdeiro dos maiores feitos da antiga república socialista: duas semifinais de Copa do Mundo e um vice-campeonato europeu. A dissolução do país começou em 1990, após o fim da Guerra Fria. Até a década seguinte, Sérvia, Montenegro e Kosovo ainda jogaram sob o nome do antigo país, mas não demorou muito para que cada um deles seguisse seu caminho.

Em 1930, Brasil deu show de desorganização

Há 92 anos, o Brasil chegou ao Uruguai para a primeira Copa do Mundo de todos os tempos. Mas o contexto do futebol nacional era completamente diferente do atual. Além do amadorismo ser o sistema vigente (o profissionalismo só foi implementado no país a partir de 1933), rixas internas fizeram a Seleção ter apenas jogadores do Rio de Janeiro na Copa. Pouco organizado, a equipe não teria vida longa no Mundial.

Em 14 de julho, brasileiros e iugoslavos foram a campo no Estádio Parque Central, em Montevidéu. Já no primeiro tempo, Timanic e Bek se encarregaram de colocar a Iugoslávia na frente. Depois do intervalo, coube a Preguinho, do Fluminense, marcar o gol inaugural do Brasil em Mundiais. Embora a Seleção tivesse reagido e tentado o empate, a derrota foi inevitável. Uma vitória por 4 a 0 sobre a Bolívia, na rodada seguinte, foi insuficiente para que o Brasil seguisse em frente. A Iugoslávia, por outro lado, terminou em quarto lugar.

Além do fracasso dentro e fora de campo, aquela derrota de estreia expôs outras marcas do Brasil da época. Único jogador negro da Seleção, o vascaíno Fausto admitiu que temeu deixar a defesa para tentar ajudar o ataque. De acordo com o volante, se o Brasil sofresse um gol sem sua ajuda defensiva, a culpa pela derrota recairia sobre ele. Um retrato do racismo vigente e que teve até o ex-Presidente da República, Epitácio Pessoa, como representante. Anos antes, ele sugeriu que apenas brancos fossem chamados à Seleção.

Quase um século depois, os caminhos de brasileiros e sérvios se encontram novamente. É verdade que, há apenas quatro anos, o Brasil esteve em campo diante do adversário desta quinta e venceu por 2 a 0. Com cinco estrelas no peito e querendo buscar a sexta, a Seleção tenta iniciar sua história no Qatar com mais sorte e competência que o time de 1930.

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