Quando a bola rolar para Estados Unidos x Irã, nesta terça-feira (29), muito mais do que a luta por uma vaga nas oitavas de final da Copa do Mundo estará em campo. Afinal, os dois países têm um longo histórico de tensões fora dos gramados, incluindo guerras e confusões políticas. Uma relação espinhosa há décadas na geopolítica mundial e que não pode ser ignorada, mesmo em um campo de futebol.

As tensões começaram em 1979. Naquele ano, o Irã era governado pelo xá Reza Pahlavi, aliado dos Estados Unidos. Porém, a Revolução Islâmica derrubou a monarquia e transformou o país em uma república teocrática. O Aiatolá Khomeini, líder religioso que virou o líder da nação, considerava a ligação com o Ocidente uma ameaça às tradições iranianas. De acordo com ele, os EUA eram ‘o grande Satã’.

Em 1998, na França, Irã venceu os EUA em duelo já carregado de tensão – Gerard Malie/AFP

Quando Pahlavi, com câncer terminal, pediu para entrar nos Estados Unidos, os extremistas iranianos viram isso como um desafio. Um grupo invadiu a embaixada americana em Teerã e fez dezenas de reféns. Meses depois, oito deles foram mortos após uma operação de resgate. Desde então, EUA e Irã não mantêm relações diplomáticas entre si e se viram em lados opostos muitas vezes.

Na guerra Irã-Iraque, nos anos 1980, os EUA apoiaram os iraquianos. Já no Século XXI, após o 11 de Setembro, o então presidente George W. Bush considerou que o Irã era parte de um ‘eixo do mal’, que ameaçava os EUA com armas nucleares. Essas tensões, de fato, se mantiveram nos governos Obama e Trump, anos depois. Do lado do Irã, era comum ver bandeiras norte-americanas sendo queimadas em protestos.

Graças ao futebol, um episódio pacífico

E onde entra o futebol nisso tudo? Por décadas, Estados Unidos e Irã aprenderam a se odiar por conta de tantas diferenças, mas tiveram a chance de protagonizar um episódio de paz. Em 1998, na França, as seleções caíram no mesmo grupo na Copa do Mundo e se enfrentaram em Lyon. Embora o jogo fosse chamado de ‘a mãe de todas as batalhas’, não houve maiores incidentes e a vitória foi do Irã, por 2 a 1.

Mas isso não impediu alguns ruídos: o Aiatolá Khamenei ordenou que os jogadores iranianos não fossem até os americanos para cumprimentá-los, como mandava o protocolo. Dessa forma, a FIFA teve que agir para que a ordem fosse trocada. Mas a imagem que ficou mesmo foi a das duas seleções trocando flores e posando juntas para uma foto histórica.

Nesta terça, há um novo encontro. Mas a tensão já existe antes da bola rolar: a véspera do jogo teve jornalistas do Irã fazendo perguntas incômodas para jogadores da seleção dos EUA. Ademais, o alemão Jurgen Klinsmann, que já treinou a seleção norte-americana, criticou a seleção do Irã e seu técnico, Carlos Queiroz. Este, por sua vez, considerou as declarações um desrespeito ao povo e à cultura iraniana.

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