Nascer e crescer em Camarões para viver outra realidade na Europa poderia ser uma grande dificuldade. Mas Youssoufa Moukoko, desde cedo, já mostrava não ser uma criança qualquer. Prodígio do futebol, ele aproveitou a vitrine da Alemanha para mostrar seu jogo e, hoje, é o jogador mais jovem da Copa do Mundo de 2022. E é na seleção tetracampeã que o atacante pretende alcançar grandes feitos, sendo assim espelho de um país cada vez mais aberto e multicultural.
Moukoko nasceu em Yaoundé, capital camaronesa. Mas, aos nove anos, foi morar com o pai em Hamburgo. Dessa forma, se instalou no St. Pauli e fez sucesso imediato. Aos dez anos de idade, já jogava pelo time sub-13. Com 11, era o artilheiro do sub-15: 23 gols em 13 jogos. De fato, chamou atenção do Borussia Dortmund, o maior produtor de jovens talentos do país.
Como um bom prodígio, ele era sempre o mais jovem da turma. Estreou na Bundesliga Sub-17 com apenas 13 anos, subindo para o plantel sub-19 no ano seguinte. Logo na estreia, fez seis gols. Foram, ao todo, 141 em apenas 88 jogos pela base do Borussia. Assim, não tardou a chegar ao time principal. Mesmo disputado entre as seleções de Alemanha e Camarões, país em que nasceu, prevaleceu sua casa na Europa.
“Eu estava em casa de manhã, em frente à TV, esperando o tempo passar rápido. Estava suando e muito nervoso quando faltavam dez minutos para a convocação. Quando ouvi meu nome, foi incrível. Todo jogador sonha com isso. Existem milhares de jogadores na Alemanha e eu vou à Copa. Isso me deixa muito orgulhoso e feliz”, disse Moukoko, logo após ser chamado para a Copa.
Expectativa sobre Moukoko é alta desde cedo
A grande chance de Moukoko parecia questão de tempo. Somado ao sucesso na base, o menino assinou o primeiro contrato com a Nike, gigante de material esportivo, com apenas 14 anos. O norueguês Haaland, com quem chegou a jogar pelo Dortmund, chegou a dizer que o atacante era superior a ele quando tinha sua idade.
Moukoko ainda representa um marco contínuo na Alemanha. Sem jogadores negros durante o Século XX, a seleção tem tido cada vez mais representantes de origem africana desde 2002. Após Asamoah, Odonkor, Cacau, Boateng e Rüdiger, é o menino que deve dar continuidade a esta realidade, num país que em constante renovação cultural e social. Mas isso não impediu que, mesmo tão novo, já fosse alvo do racismo da torcida do Schalke 04.
Apesar disso, Moukoko, que completou 18 anos no primeiro dia da Copa, se sente à vontade na seleção. Ele estreou em um amistoso contra Omã, na semana passada. Com cada vez mais jovens ganhando chances no Qatar, ele espera entrar em campo nesta quarta (23), contra o Japão:
“Com certeza, o treinador pode contar comigo. Estarei ao lado do time. E se acontecer de eu poder jogar, darei 120% em campo também”.
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