Nesta terça-feira (29), País de Gales terá sua decisão para tentar chegar às oitavas de final da Copa do Mundo. A equipe precisa vencer e, diante de si, terá nada menos que a Inglaterra: o velho rival de séculos, dentro e fora dos esportes. Por isso, para os galeses, o confronto tem significado especial do ponto de vista nacionalista. Afinal, eles fazem questão de mostrar isso em todos os momentos.

Fundado no Século XI, País de Gales foi conquistado pela Inglaterra em 1282, pela primeira vez. Até hoje parte do Reino Unido, precisou lutar para manter sua identidade. O galês, língua oficial do país, só ganhou esse status após anos de protestos pela preservação do idioma, severamente reprimidos pelo governo inglês. É muito por isso que a torcida canta a música ‘Yma o Hyd’ (‘ainda estamos aqui’, em galês), que evoca o espírito de um povo resliliente diante do poderio da Inglaterra.

Torcida de Gales certamente cantará ‘ainda estamos aqui’ no jogo com a Inglaterra – Julian Finney/Getty Images)

E essa afirmação nacional chegou à seleção graças a Gary Speed. Jogador de sucesso, ele assumiu como técnico no fim de 2010 e mudou a história do futebol galês. Ao perceber que os jogadores não cantavam o hino nacional, exigiu que todos aprendessem o básico da língua galesa para poderem cantar. Começou aí a retomada da equipe, que desde então foi semifinalista de uma Eurocopa e voltou a um Mundial após 64 anos.

Speed não pôde ver esse: suicidou-se em novembro de 2011, com apenas 42 anos. Mas plantou a semente de uma mentalidade vencedora. Desde então, o país chegou à semifinal de uma Eurocopa e à sua primeira Copa do Mundo em 64 anos. Vencer a Inglaterra, que os dominou por séculos, para ficar entre os 16 melhores seria a maior vitória de Gales em toda sua milenar história.

Improviso de ator virou discurso motivador

Em setembro, o ator galês Michael Sheen recebeu um convite para participar de um programa na TV inglesa BBC. Uma estrela de Hollywood, o artista é também um apaixonado por futebol. O apresentador, então, pediu para que ele improvisasse algumas palavras que pudesse dizer aos jogadores, para motivá-los no caminho à Copa do Mundo.

E o que era para ser uma brincadeira acabou emocionando muita gente. Sheen apelou ao sentimento nacional. dizendo que os ingleses consideravam os galeses “fracos, lentos, pequenos e cheios de medo”, mas que era a hora dos “filhos de Speed” fazerem a Inglaterra cair ao seu redor. O vídeo da interpetação inspirada viralizou e o ator recebeu o convite da própria seleção para repetir o discurso para os jogadores, antes da ida ao Qatar.

Aliás, foi justamente com o sucesso da seleção que este sentimento nacionalista aflorou mais do que nunca em País de Gales. A Associação Galesa de Futebol já estuda a possibilidade de mudar a maneira como o país é chamado: de ‘Wales’, em inglês, passaria a ser ‘Cymru’ (lê-se ‘cam-ree), em galês. Mais um motivo para que os nacionalistas cantem a plenos pulmões seu hino nacional, na boa língua materna, nesta terça.

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