Alício Pena Júnior, ex-árbitro mineiro e de reputação incontestável, é o novo chefe da arbitragem da CBF em substituição a Leonardo Gaciba, demitido por conta da sequência de erros crassos neste Brasileirão. O último deles ocorrido em Flamengo 3 x 0 Bahia, quando o zagueiro do time visitante bloqueou um chute do meia Diego com o peito. Tanto árbitro quanto VAR assinalaram corte com a mão, em uma das falhas mais absurdas dos últimos anos. O clube carioca, prejudicado em partidas recentes, fez pressão e rapidamente foi beneficiado com a marcação de um pênalti inexistente. Depois dos fatos novos, era inconcebível alguma solução que não fosse a demissão de Gaciba.

Diante de tamanha incompetência, é incompreensível a proteção aos juízes, desobrigando-os a darem entrevistas após os jogos. Poucas décadas atrás, especificamente a de 80, os árbitros assumiam suas responsabilidades pelas decisões tomadas e ainda tornavam públicos os fatos ocorridos. O sempre comunicativo Arnaldo Cezar Coelho que o diga. De lá pra cá, instituiu-se a lei da mordaça a estes profissionais e passamos a ser “contemplados” com desfiles de lambanças. Mais para uns clubes do que para outros mas, de modo geral, afetando a todos.

Com a chegada de Alício Pena Júnior, cria-se a expectativa de uma preparação melhor da arbitragem. Acompanhada, é claro, de decisões que estampem o mínimo de isonomia. Uniformidade e coerência devem servir de norte para todo início de trabalho. Não há mais espaço para subjetividade. Uma bola que acerta o corpo e posteriormente braço não pode servir de pretexto para a marcação de pênalti. Quanto ao VAR, que este seja melhor utilizado e interfira bem menos nas decisões de campo. Na certeza do que fora visto, o árbitro precisa sustentar seu posicionamento sem que necessariamente ocorra confirmação do vídeo.

Por fim, os jogadores também devem colaborar para o bom andamento do processo no Brasil. Ao menor sinal de insatisfação com uma decisão, as estrelas do espétaculo se dirigem ao árbitro e exercem uma pressão descomunal para que o mesmo revise a jogada no monitor. Estamos falando de intimidação e que foge completamente do aceitável na esfera esportiva. Nisso a Europa nos dá um banho. Estamos acostumados a ver jogos nos quais o árbitro, ao apontar algo, aguarda a verificação do VAR sem sofrer qualquer tipo de constrangimento ou ameaça dos jogadores.

Fica a torcida para que Alício Pena Júnior, apesar do mandato tampão, consiga evoluir a arbitragem brasileira e transformá-la em uma atividade imparcial e idônea. Para isso nenhuma camisa pode “pesar” mais ou menos do que a outra. Neste contexto, a demissão de Gaciba é mais do que um alívio. É um grito de esperança pela renovação em busca da tão almejada transparência.

*As opiniões contidas nesta coluna não refletem necessariamente a opinião do site Jogada10.

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