O imprevisível aconteceu: Cristiano Ronaldo convocou uma coletiva para falar com os jornalistas. O momento raro foi motivado pela ânsia da imprensa de saber sobre a relação do português com seu clube atual – o Manchester United – onde vem sendo boicotado pelo treinador Erik ten Hag. Por isso, em plena Copa do Mundo, no Qatar, Cristiano Ronaldo foi o tema das principais perguntas dos repórteres durante as coletivas da Seleção Portuguesa – e isso chamou atenção do camisa 7. Então, ele decidiu que era a hora de falar.

Cristiano pediu que os jornalistas, neste momento, se concentrem nos assuntos da Copa do Mundo. E disse que suas questões pessoais não afetam o grupo.

“Todos na seleção me conhecem, jogadores, treinadores, estafe, roupeiros. Todos sabem como sou e o que penso. O grupo está bem, está confiante. O episódio recente que aconteceu comigo não terá influência no grupo. Podem influenciar o atleta, mas o grupo não”, afirmou.

Coletiva Cristiano Ronaldo - Portugal Training Session - FIFA World Cup Qatar 2022
Cristiano Ronaldo chama jornalistas para entrevista e pede foco na Copa do Mundo – Foto: Christopher Lee/Getty Images )

CR7 se referiu à entrevista bombástica que ele deu ao jornalista Piers Morgan, da Talk TV. Ele disse que se sentiu provocado pelo técnico Erik ten Hag durante a partida do Manchester United contra o Tottenham Hotspur e, por isso, abandonou o banco aos 44 do segundo tempo, antes do apito final. O craque – cinco vezes Bola de Ouro de Melhor Jogador do Mundo – passou o jogo inteiro como reserva.

Geladeira em Manchester

Foi a segunda vez na temporada que Cristiano não foi utilizado. Na outra, na derrota por 6 a 3 contra o Manchester City, o português ficou até o fim, e Ten Hag disse que não o chamou por “respeito à sua carreira”.

“Você não me coloca contra o Manchester City por respeito à minha carreira e quer me colocar por três minutos contra o Tottenham? Não faz sentido (…) Ele não me respeita (…) Desculpe, eu não sou esse tipo de jogador. Eu sei o que posso dar às equipes.”, disse Cristiano na polêmica entrevista à Talk TV

Na ocasião, Ronaldo também disse que o Manchester United o traiu e que ele estava sendo forçado a sair do clube.

A entrevista teve tanta repercussão que o treinador dos Diabos Vermelhos se reuniu com a direção do clube e disse que o atacante tinha ido “longe demais”.

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Amargando banco no Manchester United, Cristiano diz que não precisa provar mais nada – Patricia de Melo Moreira/AFP via Getty Images

Dessa forma, com tanto tititi na Inglaterra, Cristiano tenta convencer os repórteres a focarem no Mundial.

Questionado se esta Copa serve para provar que ele ainda é um dos melhores do mundo (e que, portanto, o banco não é seu lugar), Cristiano foi taxativo:

“Se com 37 anos e 8 meses, eu ainda tivesse de demonstrar alguma coisa, estaria preocupado. Depois de tudo o que já fiz e já ganhei, seria surpresa. Mas, claro, ano após ano quero continuar a demonstrar à família e aos fãs que estou bem. Este Mundial é importante, é uma das provas mais importantes da minha carreira”, disse.

Veja algumas declarações de Cristiano Ronaldo na coletiva desta segunda-feira (21).

Prazer de ser admirado

“Gosto de me levantar e ir para o treino e fazer com que as pessoas fiquem felizes por me verem, seja no Qatar, em Lisboa, em Manchester ou em qualquer outra parte do mundo. Não há dinheiro que pague isso. Sei que as pessoas, de uma forma geral, gostam de mim”.

Favoritas no Mundial

“Favoritas são Brasil, Argentina, França e Alemanha, que geralmente têm mais possibilidade de ganhar. Mas em 2016 também não davam nada por Portugal e afinal ganhamos”, disse, referindo-se ao Campeonato Europeu de Futebol de 2016, conquistado por Portugal numa vitória por 1 a 0 sobre a França, na casa do rival.

Chances de Portugal

“Temos potencial enorme. Se vamos ganhar, já o veremos, mas tenho essa esperança e esse feeling. O que as grandes competições nos dizem é que há que pensar com calma, jogo a jogo. Arrancar bem na fase de grupos, no primeiro jogo contra Gana, que é o mais difícil. É importante começar com o pé direito para ganharmos confiança (…) Se entrarmos com o pé direito é sempre um boost, uma confiança extra.  Portugal tem grandes chances de chegar longe”.

Xeque-mate em Messi

Cristiano falou sobre a propaganda da Louis Vuitton, em que ele e Lionel Messi se enfrentam no xadrez. “Gostaria muito de ser eu a fazer o xeque-mate no Messi (risos). Seria mágico. Aconteceu no xadrez. Veremos se acontece no futebol”.

Título de Copa do Mundo

“Seria mágico. Não me falta nada na vida, tive muito mais daquilo que esperava, mas é um grande sonho. Sou ambicioso e adoraria ganhar, claro, mas se me disserem que já não vou ganhar mais nada, também ficaria contente. Por tudo o que já fiz na carreira, tenho de estar orgulhoso. Mas, claro, ganhar um Mundial não ficaria mal nada mal (risos)”

Responsabilidade na última Copa

“A responsabilidade é sempre a mesma. Desde os 11 anos, quando saí de casa para ir viver sozinho em  Lisboa, minha responsabilidade é grande. Sou uma pessoa muito mais observada que todas as outras, sim, mas sinto maior responsabilidade como jogador, amigo e pai. Faz parte do meu cotidiano”.

Novo recorde?

Cristiano, famoso não apenas pelo talento, mas pela vaidade, foi questionado sobre a busca do recorde que atualmente pertence a Eusébio: 9 gols na Copa do Mundo de 1966. Cristiano tem 7 pela seleção portuguesa e está perto de superar o antigo jogador. Mas CR7 disse que a seleção está acima de suas ambições pessoais:

“Eu não persigo os recordes, são eles que me perseguem. Seria muito bonito bater esse recorde do nosso Eusébio, claro, mas sinceramente não é algo que me tire o sono, nem vou deixar de comer por causa disso. Se me dissessem que Portugal ganhava o Mundial sem golos meus, assinava já por baixo, juro pelos meus filhos!”

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