A fase não é das melhores. O time não tem correspondido em campo. O cansaço pelo excesso de jogos em Maio e Junho cobrou sua conta em um elenco curto e o Fluminense encantador chegou ao limite cedo. Torcida impaciente, desconfiada e desiludida com as possibilidades de títulos que o time havia criado no imaginário tricolor. Pra piorar a situação, agora, o já não unânime Fernando Diniz terá de dividir atenção com a Seleção Brasileira.

Demorei a escrever porque não queria fazê-lo na flor da emoção da notícia. Até porque, Fernando Diniz é – na humilde opinião deste colunista – o nome para dirigir e voltar a trazer um futebol empolgante para a Seleção Brasileira nesse momento. Então, a escolha dele para o cargo é muito justa e ele merece toda a sorte do mundo no cargo. Mas e o Fluminense?

Diniz comanda a Seleção e o Fluminense ao mesmo tempo. Será uma boa para o Tricolor? – Fotos: Rodrigo Ferreira/CBF e Mailson Santana/Fluminense FC

A decisão de dividir seu treinador com a seleção é honrosa e, politicamente, estratégica em um momento que o Fluminense lidera um dos blocos para formação de uma Liga para cuidar do futebol brasileiro. Ter a CBF de aliada é um ponto crucial para a transformação que se quer fazer no futebol de clubes do país.

Diniz na Seleção e o atual momento do Flu

Mas e o âmbito esportivo? O momento do time é ruim. A pressão da torcida tá subindo. Tudo bem, no mês de julho, serão apenas quatro partidas e muito tempo de descanso e recuperação física e técnica durante as semanas. Dá para recuperar o futebol perdido nos últimos 15 jogos. Só que o problema da divisão do treinador vai chegar de verdade, quando as competições estiverem em suas retas finais. A primeira convocação de Fernando Diniz para os jogos da Seleção em setembro, irão acontecer uma semana depois dos duelos do Fluminense contra o Argentinos Juniors pelas oitavas de final da Libertadores.

Como Fernando Diniz conseguirá manter o foco nas duas semanas mais importantes do ano no Fluminense e ainda observar jogadores para serem convocados para o início da caminhada da Seleção nas eliminatórias? Onde ele deixará de dar 100% da sua atenção?

E o risco de atrito com os clubes rivais por conta de convocações de jogadores ou informações privilegiadas que o técnico da Seleção tem sobre condicionamento físico, lesões, personalidades dos atletas de clubes rivais? Como fica essa questão, eticamente? Como será essa relação? E como será uma ligação de Diniz para Abel Ferreira, Felipão ou Jorge Sampaoli na véspera de um duelo entre seus times para perguntar sobre um jogador que está sendo observado para a Seleção? São muitos os questionamentos que não precisavam ser feitos nesse momento.

Decisão acertada.  Mas a forma escolhida…

A decisão pelo nome de Fernando Diniz, ao meu ver, é acertada. A forma escolhida que é questionável. Até porque, nesse cenário, o único lado que tem a perder é o Fluminense. A CBF resolveu seu problema de técnico, Fernando Diniz realizará o sonho de comandar a Seleção – e ainda pode garantir lugar na comissão de Ancelotti e uma posterior posição para a Copa de 2030 – e o Fluminense fica com a batata assada de poder não ter seu técnico 100% no momento mais importante do ano para o clube.

Siga o Jogada10 nas redes sociais: TwitterInstagram e Facebook.

Comentários