Depois de mais uma vitória dominante e imponente do Fluminense, por 2 a 0 sobre o Athletico-PR pela segunda rodada do Campeonato Brasileiro, no sábado (22/4), o técnico Fernando Diniz deu entrevista coletiva. Falou sobre o momento de Paulo Henrique Ganso, e foi contundente.
“O Ganso de hoje, talvez seja o melhor da carreira, se perguntar para mim. Genialidade não envelhece, e só fica mais aparente quando é solidário. Ele é com as pessoas simples do clube e com as pessoas mais jovens.”
A frase de Diniz vai de encontro com o que vejo em campo quando assisto aos jogos do Fluminense com Ganso. Debate-se muito sobre a falta de intensidade e o fato dele “correr pouco”. O que são duas grandes falácias. Depois do bicampeonato Carioca, o lateral Guga, companheiro de Ganso no Fluminense, definiu o meia como um “falso lento”. Tudo pelo fato de ele esconder a bola e dar velocidade ao jogo com passes e sua inteligência e visão acima da média.

PH Ganso, um maestro. Mas pouco valorizado – Leonardo Brasil – Fluminense FC

Ganso, um desfile de talento

Ganso não precisa correr com a bola para ser brilhante, ele o faz com um toque. No sábado, em mais de três situações, com apenas um toque na bola colocou companheiros em situações claras de gol. E isso é recorrente nos jogos do Fluminense. Ganso desfila talento, habilidade, visão, humildade – pois dá combate na saída de bola, rouba bolas com frequência e recua para auxiliar na saída de jogo – em campo. Mostrando-se um jogador completo e solidário.

Mas o que falta para a grande crítica esportiva brasileira ver isso? Nos dois títulos cariocas do Fluminense, Ganso não foi eleito para a seleção do campeonato. No Campeonato Brasileiro do ano passado, quando o Fluminense foi terceiro colocado e um dos melhores times do returno, também não foi lembrado. Nas rodas de bar, mesmo com o discurso de que ele é o maestro do time. E que sem ele o time perde muito, as vozes sempre levam desconfiança quando tocam em seu nome.”Ah, mas o Ganso já acabou né? Não quer mais nada…”

Não é isso que se vê em campo no Fluminense de Fernando Diniz. O Ganso que veste a camisa 10 desse Fluminense é o tipo de meia que falta na Seleção Brasileira, tão carente de talento e imaginação no meio campo, ao ponto de na última Copa do Mundo ter convocado mais volantes do que meias. Enfim, ter sido eliminada da Copa com um meio-campo sem nenhum meia de criação em campo.

Representação do craque

Nas quatro décadas que assisto futebol, a camisa 10 sempre foi a representação do craque do time, o jogador mais cerebral, o que decide os jogos e encanta a torcida. Mas até onde me lembro, isso nunca se deu por correria e suor, mas pela sua qualidade, visão de jogo e habilidade de fazer o que os reles mortais – que correm para que ele brilhe – não conseguem fazer. Arias, pode ser o motor; Cano, o artilheiro; Fábio, o paredão; Felipe Melo, o pitbull; mas a genialidade e o encantamento do Fluminense de Fernando Diniz estão na camisa que sempre consagrou – e continua consagrando os maiores – a 10.

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