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Aceitar. Palavra difícil para o torcedor vascaíno que viu a esperança de ainda subir para a Série A ser jogada fora nos últimos minutos contra o Guarani. Da euforia de um pênalti a favor para um gol que define o 1 a 0 do Bugre e praticamente decreta a permanência na Série B. É chegado o momento de viver o luto e torcer para que os conformistas comecem a reconhecer os próprios erros.

Quando entrevistei Jorge Salgado, ainda candidato à presidência, perguntei se havia um plano para o Vasco caso o clube caísse para a Série B, algo que era iminente naquele momento. Ele disse que não pois acreditava que o clube ficaria na Série A. Não ficou. Caiu e, sem o planejamento prévio, deve passar mais um ano na segunda divisão. Não houve preparação. Alexandre Pássaro chegou para ser o homem forte, montou o elenco ao lado do presidente e de Marcelo Cabo. As três frentes acreditavam realmente que o elenco era forte o suficiente para subir tranquilo na Série B. Eu também, mas nunca deixei de pontuar que as deficiências, como a falta de um meia e um zagueiro de qualidade, eram claras e precisavam ser acertadas. Nada feito.

Vasco é derroa do pelo Guarani e o acesso vira sonho improvável – Rafael Ribeiro/Vasco da Gama

A soberba tomou conta de uma diretoria que pouco reconheceu seus erros. Costurou bons acordos financeiros e o futebol era rasgado a cada partida que o Vasco entrava em campo. O presidente? Pouco aparecia. Tudo nas costas do diretor de futebol, até mesmo quando era necessária uma postura institucional, como nos momentos em que o Vasco foi prejudicado pela arbitragem. Omissão durante toda a campanha desastrosa de um time que, mesmo com a maior folha salarial da competição, nem sequer passou uma rodada no G4.

Se não fossem as chegadas – no desespero – de Nenê e Fernando Diniz, esse texto teria sido escrito com antecedência. “Caíram no colo” de uma diretoria que pouco se auto-avalia e, como no discurso feito essa semana, normaliza mais um ano na Série B.

Quando questionei sobre a péssima campanha no futebol, ouvi que “eu deveria conhecer melhor o departamento”. Ora, o departamento que teve três técnicos no ano, não entrou no G4, fez as melhores contratações no desespero iminente, não corrigiu as claras deficiências de um ano inteiro e agora se conforma com o que deveria ser o Gigante da Colina mais uma vez na segunda divisão? Alguém que saiba o mínimo de futebol não precisa nem conhecer – que não é o meu caso – para constatar que o trabalho é um desastre. E não é “resultadismo”.

Gravem bem: o Vasco não chegou perto de subir para a Série A. Em nenhum momento do ano.

Sejam humildes. Reconheçam os próprios erros. Planejem 2022, mesmo que na Série B, e aprendam que não tem conta em dia (por mais que sua importância seja clara) que faça um torcedor acreditar mais no time do que a bola na rede.

E eu nem vou falar tanto do elenco em si. Apenas que é um time que perde para si mesmo, entregou jogos a temporada inteira e em nenhum momento mereceu subir. Se merece algo, é ficar. A minha pena vai para o torcedor. Porque, mesmo com mais um ano vergonhoso na história do clube, ele acordou hoje e percebeu que ainda é Vasco. E ano que vem estará lá. Mas sabendo exatamente a quem cobrar. Assim espero.

*As opiniões contidas nesta coluna não refletem necessariamente a opinião do site Jogada10.

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